Quase

Muitas vezes nem é preciso falar... Basta saber entender o que se esconde num "quase", nesses dias todos que giram em torno de nossa vida. Dia qualquer de setembro, de outubro ou de novembro.

Dias em que o acaso é "quase": quase sonho, quase hoje, quase tudo, porque o dia nos sufoca e o ano já caminhou, começou há tanto tempo que quase não se acredita que a felicidade ali, esteja assim tão perto, quase aqui e quase agora.

Um sonho quase desperto. Um tempo quase deserto... Quase isso, quase aquilo...Mesmo assim falo pra mim que toda alegria existe, basta vê-la quase acesa num sorriso que me ronda. E me rendo nesse quase em que me exponho e me diluo, nesse mar quase silente, em que me enrosco entre os lençóis espumantes dessas ondas, pelas fronhas das marés... até quase me afogar, de tanto, tanto esperar o som dessa estranha voz em que me escondo e quase me reconheço. Depois... quase dormir ou quase chegar à praia e ao sol poder me/te ver.

E setembro passa. E volta a noção do tempo, de todas noites e dias em que quase era apenas uma luz e um sinal, um acorde, uma canção, um sustento para a alma.

Setembro passa. E passa a vida inteira num minuto. E só então me reconheço. Me ordeno e me reparo.

E nesse condão do sonho vou aos poucos desfazendo os meus nós e os meus “quases” perdidos em algum verso. Perdidos numa saudade. Indefinidamente. Quase agora. Quase sempre.