Carta ao Amigo ( desabafo)

Carta ao Amigo( em desabafo)

Sabe, meu amigo, queria te dizer...

Tá tudo tão esquisito...

Ouvidos escutam atravessado...

Vozes se erguem desafinadas...

Algumas vezes ouço

Estupefata, calada.

Outras tantas argumento...

Até parece lamento...

Busco clarear custos e benefícios...

Mas parece que há ouvidos moucos...

Às vezes sinto que acham

Que é birra ou capricho...

Quando anuncio que há água...

Ou é tempestade que vem vindo...

É que só falo do que

A minha vista alcança...

Em alguns assuntos eu até conheço um mapa...

E digo: essa estrada tá meio interditada...

Vamos ver outros caminhos...

Mas se não sei não dou pitaco...

Parece que o mais difícil é o caminho

Que nem é tanto sol nem tanto chuva

Ou talvez pudesse dizer:

Nem tanto nem tão pouco...

Parece estranho não ser radical...

Bem complexo se apresenta

O espaço do equilíbrio...

Há tantas coisas em jogo...

Tanto personalismo...

Tanto anseio por brilho que ofusca

Quando apenas começamos a limpar

A estrada...

Às vezes o que chamamos ousadia

É somente ignorância...

No sentido do não saber...

No sentido de viajar...

Diferente de sonhar...

É quando se quer encaixar as coisas

Nos próprios devaneios...

E depois a gente se depara:

Decepção...

Não era o que se pensava...

A gente quis enxergar

O que se queria apenas,

O que se idealizava...

Porque por mais que esperneemos

Há uma realidade em derredor...

E que os extremos estão longe do equilíbrio...

Mas o mais complicado de tudo, amigo

É ser alvo de ingratidão...

Sabe... É lindo poder sentir,

Reconhecer, quando se é acolhido...

E que se à volta não há anjos

Puros e perfeitos...

È verdade também que não há somente

Demônios encarnados com seus defeitos...

Sabe... Amigo...

Eu queria dizer bom dia

E imaginar o primeiro sorriso que eu dei

O primeiro abraço que troquei

As boas vindas doadas e recebidas

Os ouvidos amorosos

E o coração sempre sincero

As palavras de esclarecimento

Os pequenos e grandes incentivos...

Os tons singelos e compreensivos...

Sabe, eu olho pra vida e vejo as cores.

Não apenas em preto e branco

Lindo ou horroroso.

Vejo que as pessoas estão vestidas

Não somente de Pierre Cardin

Elas se apresentam de mil formas...

Normalmente.em vestes comuns

Sem teatralidade ou exageros...

Sabe... Há beleza nisso...

Quando se vê o todo...

Mas tudo fica complicado

Se o jogo é tudo ou nada

Se o que importa é ter razão

Se se perde a dimensão

Na hipersensibilidade

Se a vida parece um

“Se ferir a susceptibilidade”

Pois os atos podem ser bons ou nem tanto,

Mesmo se “espontâneos”...

Um afago, um carinho, pode ser

Espontâneo e bom...

Mas um grito de cólera, uma agressão

Também podem ser espontâneos...

Mas não são bons...

Olha amigo... Se você está infeliz

Porque as suas palavras foram incompreendidas,

Nem todas as sugestões foram acatadas...

É preciso dizer: há tempo pra cada coisa

Deus nos dá tempo até para descobrirmos

Os nossos enganos e refazer o caminho...

Mas... É bom olhar em volta

Buscar o que recebemos...

Agradecer o que se teve

O que se tem...

E o devir...

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 23/06/2007
Reeditado em 23/06/2007
Código do texto: T537991