Manhã de 10 de julho de 2015

Às vezes cria-se uma expectativa não só para ir atrás de tal coisa, mas também para fugir de outra.

Mais um dia: a fruta e a luta, o real e o irreal, o Dólar e a bola e algum Real.

É, agora sim, agora veio o dia, e dia lindo! Nessa manhã que parece ser só minha, manhã razoavelmente fria, entre o sul e o norte esconde-se minha verve; às vezes está fria, não está no cio, fica cega – não nego –, e não ferve, mas sempre serve. A meu ver – e a meu vil direito de reclame – ela me faz estar em uma hecatombe (usando de extremo exagero); mas pouco tempo dura esse sacrifício; pouco tempo de descanso, de repouso, de ostracismo; pouco tempo de teimosia, de heresia, de “vem – viria” –; acordou! A verve já põe os olhos no tempo, à faca na bainha, pistola no coldre, a espada na mão esquerda, uma flor na lapela, a bandeira branca na mão direita e o coturno de guerra no intuito interminável da paz. Com uma estrada limpa por sobre as nuvens, caminha levando uma chuva seca – chuva de inspiração; o bem-estar, o ar puro e renovos cautos/incautos e encantos, pelos canos e canyons – a todos os cantos. Vê-se então a ocasião de estacionar em uma região, de brotar o amar e cantar com os pássaros e dançar com os ventos e balançar com a natureza e sorrir com os rios e mares; e nos altares suspensos da imaginação: brotar. Nessa manhã agora não tão fria, meus pés ainda gelados pedem para se exercitar: corrida. Sinto a ausência de cansaço, mesmo tendo dormido tarde e despertado às cinco e meia, perdido o sono – o sonho – perdido o embalo; mas ganhei o dia mais longo, esses singelos rabiscos e algumas leituras; ganhei o nascer do sol e sua luz afetuosa que entra aos poucos, com o olhar do céu azul – um azul tão belo com sua benção que desce e me afaga enquanto faço o alongamento matinal. É, agora é dia e como já disse um dia: lá vem ela: essa bela e insistente luz que entra pela janela e me convida para sair e viver.

André Anlub