O jantar

Preparei o jantar, feijão, arroz,sardinha.

Comprei uma garrafa com vinho, comprei velas.

As flores eu as furtei no jardim do meu vizinho.

Vesti meu terno novo,usei perfume.

Senti-me tal e qual um nobre.

A madrugada engoliu a noite

O jantar esfriou, o vinho esquentou,

as flores mucharam, as velas não foram acesas.

Bateram na porta, o coração quase pulou do peito.

Abri os braços como se fosse abraçar todo o universo.

Uma voz fria rasgou-me o peito, feriu-me a alma

Quando gritou sua amada foi atropelada.

Corri a 300 km por segundo, quando cheguei,

a encontrei dentro de um oceano de sangue.

Abraçei-me ao corpo, beijei-lhe os lábios;

tentando doar minha vida.

Foi inútil, agora procuro em cada beijo o sabor da vida.

E enconto o gosto do desgosto.

Tudo o que restou daquela noite; foi uma fotografia,

tirada por meu coração, e revelada em minha alma.