COCÔ DE PASSARIM

Olhei e fui ,assim como me pediu.

Na primeira esquina,uma pedra.

Pesada, insustentável com suas pontas.

Arestas afiadas fincadas nas palmas das mãos.

Joguei no chão, que tanto peso

Já não mais me cabia,não.

Andei mais algumas quadras e esquinas.

Os pés já doíam um pouco.O coração? Ainda muito...

Encontrei um pacote de barro, pesado como a pedra, mas

ao abrir o pacote e pingar algumas gotas de água podia transformá-lo, como bem entendesse.

E foi assim que segui em frente

Dando vida ao novo...

Os pés doiam muito,

O coração? Nem tanto.

E foi então,

Lá pelas bandas do Jaboatão

Que encontrei um monte de feno.

Agachei e toquei nos gravetinhos,

que estalaram sob os meus dedos

E no meio do feno encontrei

Coisa mais linda que já se viu

A vida colorida, gritando toda esganida

piu-piu, piu-piu,piu,piu.

Recolhi os gravetos e o feno

A mãe já gritava nervosa

Da caminhada nem mais me lembrava

Do coração? Bater cor de rosa

Você ficou no caminho.

Debaixo da pedra,

No santinho de barro,

No cocô do passarinho.