Sobre aceitar o inevitável

Já faz um tempo que tenho me sentido ridícula. Pateta, abobada, nunca me senti tão perdida. Ando vendo poesia em tudo o que é canto, vendo beleza nas paredes sujas de tempo. Ando cantando sozinha e achando que a minha voz combina com a tua. Olho ansiosa pra tela na minha mão e me arrepio quando leio o teu nome. Lembro do teu abraço e lamento ter sido tão rápido, e o nosso tempo tão curto. Deixo o sono de lado pra conversar contigo por horas, mas na tua frente emudeço. Releio cada frase, cada palavra que você me escreve, tentando conhecer o universo que te faz ser você. Há meses tenho procurado defeitos teus que me façam querer distância, mas tudo sobre você me faz te querer ainda mais. Tento me convencer de que somos tão diferentes que jamais daríamos certo, mas sem querer você me mostra que não adianta, temos é que ficar juntos. Mergulho na escuridão dos teus olhos e me perco em uma dimensão onde não existe o quando, o porém e o porquê. A vontade de te abraçar chega a doer, de deitar a tua cabeça no meu colo e te fazer um cafuné enquanto esperamos o café ficar pronto. De te acolher e dizer que vai ficar tudo bem, e se não ficar eu vou continuar por aqui. De conhecer todas as tuas faces e mostrar as minhas, de transpor as tuas barreiras, de derrubar os teus muros e mesmo assim reforçar a tua fortaleza. De te fazer sentir o mesmo bem que você me faz só por existir. Vontade de te fazer feliz, de crescer contigo, de ser a melhor companheira que você poderia ter - seja por um mês ou cinquenta anos. Porque sabe, com 80 anos, 8 já não fazem diferença. Já faz um tempo que tenho me sentido ridícula, adoravelmente ridícula.