DESEJOS

DESEJOS!

Somos todos famintos de vida concreta. Passamos nosso tempo nos ocupando do que poderemos ter e nem pensamos no que vamos fazer quando possuir o que desejamos. A organização do desejo permite a paz interior, pois o objeto do desejo muda continuamente. Daí uma pergunta precisa ser feita: O que é a vida? O que a constitui como um bem e como algo positivo? A vida não é significado, é desejo

Desejo é busca, é sonho, é perseguição, é querer, é ser você mesmo naturalmente. Tolher os desejos é robotizar a pessoa, deixar-se levar pelos desejos é cair num penhasco sem fundo, desse modo: “Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais.” (CAIO FERNANDO ABREU).

Por isso se pode afirmar que o amor começa quando uma pessoa se sente só, ai deseja, busca, procura e o amor termina quando a pessoa deseja estar só, isto porque o amor, assim como a dor quer ser contemplado, porque o desejo é esse gosto doloroso que arrepia e enaltece. A vida sem desejo é como cerveja sem alcool, é apenas um paliativo para enganar a verdadeira sede, pois o desejo é como a fome, somente quem sente sabe a sua intensidade, por isso não pode ser descrito, mas apenas vivenciado. O desejo é como um querer maldito, que dar sabor e força e também vai matando aos poucos, tudo que é essencial se consome e devora, até que você se torne aquilo que deseja, porque nada é tão comum na pessoa que o próprio desejo.

Jorge Ribeiro

Novembro 2015