Desatados

Enlaças-me o corpo com as pernas e tuas mãos espalmadas devoram-me os caminhos que me exageram e me consomem. Devagar despes minha alma e minha nudez encanta-se e respira faminta teus beijos até a exaustão dos mortos de sede. Quando teus lábios já estiverem cansados, adormecerei na penumbra da tua luz com sabor de fome saciada até a raiz. Então roubaremos do céu a lua e nos cobriremos com um manto de estrelas onde tudo se vê repleto de nós. Minha camisola, tua camisa, meu lenço, teu pijama, desatados de nós, jogados no canto do quarto.