Lê, meu amor, nesse quase último dia do ano

Lê, meu amor, nesse quase último dia do ano e enquanto houver o murmúrio do vento nas letras que se enamoram, tu és o nome da ausência e o que meus lábios pedem, o que os meus olhos suplicam e minhas palavras nuas imploram, o fio agudo da minha tristeza e minha plenitude de mulher. Tu és o meu medo e o meu delírio, o meu tempo quando já não há mais tempo e as sílabas explodem. Tu és o brinquedo e a verdade, o sussurro e a gargalhada liberta no ar junto às gaivotas no horizonte, o mar fazendo amor com o rio e a maré cheia da minha pele em delírio... tu és a noite que arrebato em êxtase e o desenho das estrelas de um céu de amor por dentro de um filme nunca visto, o porquê sem resposta e o último poema escrito quando ainda não existíamos e os nossos laços se emaranhavam no cosmo. Lê, meu amor, olha por dentro dos meus olhos, ainda somos vivos, lê enquanto te penso rendido por entre todas as minhas ousadias que ocupam teus espaços e te preenchem de mim, lê enquanto nos completamos inteiros e tua boca procura meus beijos, somos dois, lê, nesse quase último dia do ano, enquanto podemos ser apenas um.