Abro-te os caminhos para seres ave

Abro-te os caminhos para seres ave, para que voes liberto do que te aprisiona, para o que a vida luz chama de amor. Abro-te os caminhos e a linha do horizonte se parte em duas, por onde o sonho começa e vibra energia e os encontros saem dos recônditos da memória para a vida do amor e do toque, onde não há súplicas e o azul é doce e sensual. Não, não te quero pássaro preso, quero-te no espalmar das manhãs em desalinho, na vida que pulsa no ventre da alma do universo e por todos os cantos por onde a liberdade passeia a gargalhar das linhas capturadas pelo verbo, quero-te cão sem dono e sem amarras para viver o sonho por onde sopra o vento e as palavras guardam o fogo do princípio e do fim de todas as coisas que desaguam em nós, quero-te para além do que supões, liberto do roteiro dos dias, do relógio do tempo. Para que me guardes e me tenhas por dentro do voo e para que nossos entrelaces de nós possam falar o que nenhuma outra língua fala, com a voz dos pássaros sempre em viagem, para que possamos cruzar no cio das estrelas e viver toda paixão desmedida e sem limites que há em nós.