Saudosismo

A vida passa, o tempo passa. Os amigos, não sei mais onde estão, como estão ou quem são. De repente a rotina sem graça se torna a serpente que mata. Arrasta-se e engole a vida que lentamente desce entre os músculos da potente garganta, que degustam a carcaça impotente, devoluta o processo infiel. O espelho é o outro inimigo, quando se para de olhar diretamente nos olhos de sua face e passa-se a enxergar o refluxo inócuo e mortal, como uma pedra escura ao céu frio de um eclipse total. Indiretamente a dor se aproxima e a que era antes inimiga se torna um ser quase pessoal. Não sei se me convenço que a convenção social me priva ou se agora é ela que alimenta a minha plenitude e moral. Passou os tempos de revolução, passou os tempos de responsabilidade. Vou correr na direção dos anos pra ver se alcanço meu passado.