Poema ao vento
Um vento forte, cheirando a hortelã, bateu em meu rosto, esvoaçou meus cabelos e trouxe voando um pedaço de papel. Nele li um poema:
"O mesmo vento que trás a tempestade
Leva o rancor e a melancolia embora
O mesmo vento que trás o perfume das flores
Leva embora o choro de roubados amores
Deixe o vento soprar, abra o seu coração
Se sorte tiver, um furacão entrará
Transformará a paisagem, como após a tempestade."
Não tinha assinatura, não pude adivinhar o autor, gostei do que li. Parei e pensei, sempre gostei de ventanias e tempestades, acho que varrem a alma e lavam e purificam os sentidos. Fiquei sentindo o vento, vendo tudo que ele levava, raios e trovões começaram a clarear o céu. Grossas gotas de chuva começaram a cair em meu rosto. Fechei os olhos por um instante. Senti que fazia parte de tudo, do vendaval, da tempestade, do mundo. O pedaço de papel com o poema que estava em minha mão se encharcou e se desintegrou. Não me importei, o poema já tinha passado para meu coração.