Poema ao vento

Um vento forte, cheirando a hortelã, bateu em meu rosto, esvoaçou meus cabelos e trouxe voando um pedaço de papel. Nele li um poema:

"O mesmo vento que trás a tempestade

Leva o rancor e a melancolia embora

O mesmo vento que trás o perfume das flores

Leva embora o choro de roubados amores

Deixe o vento soprar, abra o seu coração

Se sorte tiver, um furacão entrará

Transformará a paisagem, como após a tempestade."

Não tinha assinatura, não pude adivinhar o autor, gostei do que li. Parei e pensei, sempre gostei de ventanias e tempestades, acho que varrem a alma e lavam e purificam os sentidos. Fiquei sentindo o vento, vendo tudo que ele levava, raios e trovões começaram a clarear o céu. Grossas gotas de chuva começaram a cair em meu rosto. Fechei os olhos por um instante. Senti que fazia parte de tudo, do vendaval, da tempestade, do mundo. O pedaço de papel com o poema que estava em minha mão se encharcou e se desintegrou. Não me importei, o poema já tinha passado para meu coração.

Priscila Pereira
Enviado por Priscila Pereira em 26/03/2016
Reeditado em 26/03/2016
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