AMOR LUZIDIO
Vou perseguir-te o dote de amor.
Tua alma, que de todo pura,
Flanará, ainda sem alcance para
Minha maresia de tão pouca levedura.
Ah! Este luzir abstruso, esta saudade sulcada,
Como nos campos dourados de trigo,
À preparação do plantio.
Ah! Este ciúme, que como o negrume
Habita-me, e liberta-se em temporal.
Em meu sonho avaro, me via perdido
Em trigais de umidade, nas torrentes
Que se lançavam desde as alturas,
Para lavar as dores sem termo dos errantes.
E os homens eram parvos, sentenças perdidas,
Sobre a terra vazia, se eternizava o momento.
E chovia pleno. Chovia o pranto, que também
Assomava em meus olhos, vindo de todos
Os meus desencantos.
Vai renascer, por ti, o novo amor, o rebento.
E virá, mesmo que em noite úmida e tão fria.
E virá, como se fora só a presença da poesia.