Sobre quem sonha com montanhas

Do dia vindo o crepúsculo se espirra

e faço festa de boas vindas,

mas nas meninas dos olhos

sempre deixo gravado os desenhos do último ocaso;

o flamejar do céu púrpura-dourado

com as nuvens, como se ilhas montanhosas

flutuando naquele mar em chamas,

com silhuetas cinzas azuláceos.

Mas não é a bola carmesim

caindo suavemente

para dar o céu à noite, nem sua

iridescência em leques

que me bebem num só gole;

são as nuvens com alegoria de montanhas,

porque, montanhas, possuem

a capacidade sobrenatural

de me levar aos seus picos

sem me tirar da planície;

no ponto mais alto, onde o vento passa

sibilando mistérios, cerco um terreno

cheio de arbustos,

sem flores desabrochadas, para erguer minha cabana.

Não gosto de encontrar flores prontas. Prefiro

vê-las se aprontando em botão para aos poucos

irem-se abrindo até entregarem

o ápice da beleza.

Mas, voltando ao assunto das

montanhas, para onde as nuvens

me levam e consequentemente me fazem erguer

uma cabana cercada de arbustos

que ainda sonham em florir. lá, onde o vento sibila

melodia solitária, repouso aguardando a escalada

de um sentimento ainda menino,

inocente e inconsequente, arfante, porém corajoso,

a se agarrar nas escarpas, ora afiadas,

ora macias e relvadas,

amadurecendo em cada

transpirar, em cada avanço,

para quando o cimo alcançar, encontrar-me

admirando-o surpreendida

com seu crescimento espetacular - pois, assim como

com as flores, também não quero recepcionar

um amor já pronto, ou imediato, sem que eu tenha a oportunidade

de vê-lo me conquistar.

Confesso que sempre sonho com a tranquilidade das

montanhas acolhendo eu, meu amor e uma cabana.

MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 06/04/2016
Código do texto: T5596982
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