Incompletude

Quem sabe estou, se acolho-me nessa sinergia de mim, se fecho-me no casulo das coisas incompletas ou retorno ao princípio de tudo, ao murmúrio dos ecos sem resposta ou ao grito incontido das gaivotas sempre a procurar além do óbvio. Por vezes volto, sempre volto às tuas palavras, a deliciar-me por entre as tuas sílabas, por onde até os dias cinzentos tem a beleza e a nostalgia dos amores náufragos, onde a busca do querer encontra um porto (in)seguro de manhãs e um velho marinheiro habitante das naufragadas horas na noite que sempre se avizinha em sussurro, por vezes volto. Quem sabe estou, amor, ou se acolho-me à sombra de tuas palavras, no voo do sempre às tuas letras que se cruzam com a beleza dos que se erguem dos naufrágios e a delicadeza de um coração em eterno alvoroço, quem sabe volto. Quem sabe volto e nos envolvemos em nós, quem sabe retorno e estamos fincados no ontem do agora, pelas alfarrabistas palavras que se tocam e tornam-se imponentes naus de desejo e querer prenhe de sonhos e luz. Quem sabe estou, quem sabe estamos, quem sabe somos a mesma luz, traço de silêncio e som, fonte em que bebemos extasiados recomeços de nós. Talvez um dia sejamos poema abraçados. Quem sabe somos, quem sabe. cc