O quarto da bagunça

Dedicado a querida Poetiza, Lúcia Constantino,

e todos os amigos, (as),

que gostam de animais, feito eu.

Tony Bahi@.

O quarto da bagunça

Ontem, minha sobrinha Denise, que adora animais, apareceu aqui em minha casa e me perguntou: Tio, você quer um trabalho? Pegou o celular e me mostrou a foto de uma cadelinha, prenha, dizendo: Está prestes a parir.(A mocinha estava na rua e foi recolhida aqui em Maringá, por uma Ong, que cuida de animais abandonados.) Eu respondi sem titubear, lógico!!!...

- Então ela disse: Amanhã eu trago. Passei o dia inteiro esperando, e nada da cadela aparecer. Passei para minha sobrinha, na sala de bate papo no face, um recado. Cadê a mocinha? E brincando acrescentei. O quarto de hóspedes, já está arrumado, só falta saber quantos bercinhos vou colocar.

O quarto de hóspedes a que me referia, era o "quarto da bagunça"!!! Em seguida, minha mana me ligou dizendo: Você precisa dar um jeito, naquele quarto. Vou te mandar minha faxineira. Mas eu já estava na cabeça, com aquela história do quarto da bagunça, virar quarto de hóspedes. Mas, o quarto da bagunça, estava sempre fechado, apenas com as janelas escancaradas. Não sabia porque, eu nunca entrava naquele quarto. Móveis: Um grande guarda-roupa, uma imensa escrivaninha, um ventilador de parede, uma colcha linda, preta e branco, no chão que servia para dormitório de cachorros no inverno. - Joga fora, aquela manta. (dizia a mana)! Eu respondia. - É muito pesada. - Eu te ajudo, dizia ela, a mana Myrian. Além das quinquilharias. Velha televisão, velho computador -PC., velho DVD. e fios dessas artimanhas para todos os lados, além de vários acessórios. Imensas caixas com roupas que não mais visto, sempre prontas para doação e nada de doar. Fala a preguiça baiana....

Então, as cinco horas da tarde, veio um rapaz, trazer um galão de água potável. Eu perguntei a ele. Você conhece algum eletricista? Ele respondeu... Eu sou. Levei ele até o quarto da bagunça e mostrei o ventilador de parede, que queria mudar de lugar. Para o quarto, onde escrevo e durmo, atualmente.

Minha sobrinha Denise, acabou aparecendo, sempre com o celular à mão, dizendo: A mocinha (cadelinha), não veio, porque entrou em trabalho de parto. Teve quatro crias, dois machos e duas fêmeas, me mostrando a fotografia, no celular. E disse: A mamãe e os filhotes, estão bem, mas a mamãe está um pouco anêmica e vai ter que comer ração com fígado de boi.

Eu me sentindo novamente pai de quadrigêmeos, fui pura felicidade. Até dei nome para a cadelinha, "Estopinha", parece com aquela do Dr. Pet.

Invadi o quarto da bagunça, tentando dar um jeito na escrivaninha, que estava repleta de poeira, fotos, livros e cds. Levei tudo para a sala, colocando em cima de um móvel branco. Peguei a manta branca e preta e fui arrastando pela casa, até chegar a lavanderia. Dobrei em quatro partes e coloquei em cima do tanque.

Em seguida, peguei a vassoura e tirei as teias de aranha das paredes, varri todo o ambiente e joguei água sanitária e pinho sol, no chão. Dei uma boa esfregada e em seguida passei pano de chão, para secar o molhado. Mas antes, passei pano na escrivaninha e janela.

Depois de tudo muito limpo e cheiroso, observei sobre uma cadeira branca, várias caixas. Abri a primeira. Eram certificados e diplomas recebidos por concursos de poesia e principalmente por Artes Plásticas. (Dezenas de diplomas)!!!... Em seguida vários álbuns, que eu sabia que existiam, mas tinha me esquecido do conteúdo. (Achei que fossem recortes de jornais, da época em que cantava.) Que nada.

Nesses álbuns, estavam toda a minha história. Peguei o primeiro: - Fui folheando, página por página, e quê encontro com o meu passado. Depois o segundo. Meu Deus! Quantas histórias da minha vida que não me lembrava.

Recortes de jornais da primeira novela que fiz, na TV-Rio, aos seis anos de idade. "O Drama de uma consciência"!, com Lourdes Maia e Paulo Porto, ainda em TV-preto e branco e ao vivo. (Não estão mais entre nós)!

Até o primeiro Festival da Guanabara, que venci o Primeiro lugar, júri oficial e popular, além de melhor intérprete, até o MPB Shell, da Globo, que revelou Dusek, com "Nostradamus".

Estava pasmo, mas não entrei em pânico. Fotografias quando ainda jovem, dezenas. E nem me lembrava que tinha sido ator e diretor de teatro infantil. "O gato de botas"!... E que havia dirigido tantos espetáculos musicais. No teatro da Praia, - RJ. no Museu de Arte Moderna-RJ., e no teatro João Caetano, RJ. como diretor Geral, na maior casa de espetáculos que existiu no Rio, o saudoso Canecão, entre outros.

O espetáculo, que ia fazer com o mestre Ziembinsky, "Longe desse insensato mundo", os filmes que ainda tenho em super oito, (feitos por ele), todos filmados na Granja Comary-Teresópolis. E que foi interrompido pelo câncer, que causou sou morte, em apenas um ano, em 1988. - (Saudade, querido Mestre-Zimba)!, e gratidão por tudo, além de me apresentar as maiores cantoras do Brasil, como Elis, Bethânia, Wanderléia e Gal, entre tantas outras. Cada encontro, com essas cantoras daria um livro de memórias.

Abri uma pasta, e me deparei com mais de 5O, diplomas, em concursos de Poesias, mas a maior parte, em participações e várias medalhas de bronze, prata e outo em Artes Plásticas.

Conclusão: - Foi assim que descobri, que não entrava no "Quarto da bagunça", porque inconscientemente sabia, que lá estava guardado todo o meu passado e que deveria, por mim, ser preservado, feito o mais escondido dos tesouros. "O ALTAR DA VIDA".

Tony Bahi@.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 13/04/2016
Reeditado em 14/04/2016
Código do texto: T5603541
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