Clevane


“A salamandra saiu do fogo azulado para marcar meu ventre”.
Clevane Pessoa



Clevane ele a conheceu, primeiro, pessoalmente em um encontro casual sobre cultura em movimento. Uma Pessoa de prosa e verso saudáveis. Estava debilitado, com o juízo desajustado. Não sabia a distância que separava metáforas e metonímias, vivia no mínimo. O máximo era pesadelo. Clevane foi gentil, comprou seu livro. Num momento de rara sabedoria, pediu-lhe o endereço eletrônico, pediu telefone. Mulher generosa, não tinha Pessoa no nome à toa, deu-lhe além de palavras de incentivo, o coração e a alma em plenilúnio.
     Não contente com a troca de mensagens virtuais, quis vê-la pessoalmente uma vez mais. Combinaram data, horário e local. Mas se desencontraram. Ficou triste, decepcionado por ela não ter comparecido naquela tarde em que os últimos raios de sol reverberavam nos vidros plácidos do Palácio das Artes. Nesta tarde mágica desejou saber pintar, para transferir à tela a beleza ali presente. O tormento da espera por Clevane se dissipou, quando um arcanjo pousou em seu ombro e disse: Ela não veio porque está ocupada em mais um parto, mas pensa em você diariamente, ela é uma “parteira antiga que testemunha uma vida dada à luz”. Mas espera encontrá-la, para que ela o veja segurando “as pontas da grande pipa” colorida, que enfeita o espaço, o seu mundo.
 
Esta prosa poética integra o meu livro Crônica do Amor Virtual e Outros Encontros - Editora Protexto - 2012 - Edição esgotada. É possível encontrá-lo no site da editora e na Estante Virtual. 



O meu último lançamento, A Moça do Violoncelo - Estrelas encontra-se à disposição dos leitores e leitoras. Façam contato, para saber mais.