Escrever

E escrever é assim: vem de súbito! Reverbera, reverbera... e enquanto não se derramam sucessões de verbetes e expressões no papel você pára, a alma fala e só sossega quando se alastra. Tão vasta que parece não caber ali, mas cabe e fala por si.

Irrompe e rompe com a rotina, ora atribulada, com suas horas tão milimetricamente divididas e justamente calculadas... Mas invade e não dá espaço para mais nada, e o que quer que seja, que fique para amanhã ou para nunca mais. E só cabe a mim, refém, me entregar. Curvar-me como um girassol que pende para aquilo que lhe traz vida.

Escrever é vida, é mostrar ao mundo o lado avesso. É transpor, é expor e ainda assim se esconder, é poder ser vários "alguéns", sem deixar de ser você; é poder ser você e fazer sentido para vários "alguéns". É estar parado e ir além, além do que se vê, aquém do que se sabe. Mais que mera expressão, de sentimento ou opinião, é liberdade.

Texto de 28/07/2014