O ALUMIAR DAS ESTRELAS

(Claude Bloc)
 
O final do dia sempre tece pelos céus uma espécie de conexão silenciosa, um pacto, um outro jeito de fazer da emoção o mais puro alumiar das estrelas. São instantes de leveza e ao mesmo tempo de agonia. A luz, que externava os sorrisos mais brilhantes, desmorona aos poucos das prateleiras de Deus e vai se escondendo por baixo do cobertor das serras e dos vales, translúcida e serena... Até ficar inerte, até se perder do sol, escravizando a escuridão.

Nessas horas, sentimentos se misturam na gente, espalhando-se por aí, pelas noites caladas, pelas horas aflitivas, desmanchando nossas malas, arrumando tudo em seus espaços vazios, agora preenchidos de saudades.

E assim prosseguimos nossa rota com olhares cativos, aqueles que cada dia se abrem a mais esse espetáculo, até se perderem num imenso azul que se desnuda e se avermelha, até o dia finalmente findar-se, esvanecido e exausto...

É então, nessas horas que eu rogo às estrelas que não me peçam para calar o que meus olhos veem, que não me deixem imersa em tanto silêncio ou me ameacem de solidão.