MOMENTO AZUL
(Claude Bloc)
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Naquela hora um momento azul e flutuante brilhava sob meu olhar, um momento concatenado com a mente. Eventos presentes circulando à minha volta , palavras digerindo os sentimentos e o tempo (re)mexendo a mente, passado permeando-se no presente... Presente constante.
 
No pensamento um ponto hesitante, um ponto brilhante insistindo em se mostrar, em revirar o tempo nesse ponto silente, querendo definir-se, querendo insuflar lembranças, jorro d'água fluindo em todas as direções.

São dias, são horas que tocam tanto e tanto e no entanto se mantêm encurraladas na tamanha felicidade que as incorpora, como se houvesse um tempo exterior que subitamente pousasse sobre elas - vida e mente.

É uma sensação de alegria que gira afoita e sem medidas, é como renascer nutrido/a somente pela essência das coisas, onde se encontra sustento para os sonhos e deleite para os planos almejados. -E ter, enfim, a noção exata de que se pode (con)ter aquilo que se sonha, transportando-se para momentos vividos, momentos reais mesmo sem serem atuais, ideais mesmo sem serem abstratos...

Assim, a essência das coisas se liberta e a pujança da vida aflora. Sentimos então, quando o sonho desperta e se anima ao receber esse alimento que lhe é oferecido através dessa doce aliança com o tempo.

Um minuto apenas, uma palavra e tudo se recria dentro de nós para que possamos (pres)sentir essa nova visão sobre as coisas essenciais, essa nova perspectiva colocando o tempo dentro do eterno e o eterno dentro da gente...