Entre o céu e a Terra
"Todos os poemas contém lobos, exceto um. O mais lindo de todos: Ela dança num anel de fogo e rejeita o desafio com um encolher de ombros." (Jim Morrison)
Podiam ser Pam e Jim, mas somos eu e você.
Podia ser o início dos sessenta, mas estamos quase em 2020.
Eu te vejo cósmica orbitar em tua própria galáxia.
Estrelas há tantas, mas você parece querer se pintar com a cor e o brilho que a sua cabeça inventar.
Você anda enquanto todos correm. E dá passos lentos porque assim você quer e baila e gira na ponta dos pés, brinca, tira toda roupa e ri do caos porque este não a atinge mais.
Você é lua e eu sou o sol atirando, de longe, flechas de vida em tua direção, cálidos raios que moram em meu olhar.
Você vive num sábado eterno e eu vou lutando contra elfos, Édipo em Delfos, imerso numa segunda-feira sem ar.
Você faz amor com as flores, com o mar, com a lua, com as dunas e eu nem com as conchinhas jamais soube brincar.
Você é o verão do amor de 67 com flores no cabelo, riso doce de menina nos lábios e uma alegria que desafia o sistema que jamais poderá te escravizar. Você mesma já me disse em silêncio, só com o rosto e o olhar: "Se meu corpo é tão livre, imagina se a minha alma vai saber aterrizar!"
Podiam ser Pam e Jim, mas somos eu e você.
E parece mesmo que a história dos homens é sempre um pião a girar.