Neste dia





Neste dia sentou-se de costa para a porta.
Bastou este dia.
Nunca se esquecia de detalhes que colocassem sua vida por um fio.
As pessoas que andavam ocupadas com a vida dos outros diziam que ele era um paranoico.
Diziam ainda coisas absurdas, imponderáveis.
Que ele se transformava em cão em noites sem lua.
Que desaparecia por dias e dias no fundo do mar.
Ou simplesmente evaporava, virando nuvens no ar.
Neste dia fatídico ele sentou-se de costa para a porta que se encontrava aberta.
Um vento forte entrou e arrastou tudo: tábuas tamancos tambores tamboretes...
Levou os lembretes anotados em pedacinhos de papéis, que ganharam as alturas.
Caíram, talvez na Faixa de Gaza ou no mar...
Neste dia, ele que era tão atento, distraiu-se e o chão ruiu sob seus pés.
E ainda pensou estar entrando no paraíso.



Este poema faz parte do livro Palavras de Amor - 2010 e pode ser encontrado na Livraria Cultura ou em www.biblioteca24horas.com

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