PAIXÃO PLATÔNICA

Da minha janela eu o vejo, e sinto que ele também me olha. Não tão descaradamente quanto eu o olho, ele é mais discreto. De fato, ele olha-me de soslaio.
Um namoro à distância nasceu entre nós, uma distância de uns cem metros ou menos, da minha janela até ele. Porém, distante o suficiente, para conter a minha ousada paixão por ele.
Curiosa eu quis saber mais sobre aquele por quem eu me enamorei. Busquei conhecer, e fiquei sabendo, da idade avançada dele, admirada pensei:  como será que ele consegue se manter tão jovem, belo, e atraente, nos seus aproximados onze mil anos de vida ?!
Fiquei sabendo que provavelmente ele nasceu no final da  "Era Glacial".
Ele não mostra a idade que tem. Agil, desliza suave, sem se incomodar com as vinte e três belíssimas pontes e túneis, que o cruzam. Indiferente ao burburinho da metrópole, ele segue calmo o seu papel de separar a Long Island da ilha de Manhattan e do Bronx.

Mas, para mim, sua função maior é o encantamento que ele me desperta.
Não sei se me apaixonei, ao vê-lo coberto pelos raios prateados da antemanhã, ou à hora do poente, quando ele se veste de dourado.
Ah, difícil dizer, qual o momento em que o vejo mais belo e atraente.
Sei que, da minha janela, o olho com enlevo, e sinto que ele me observa também.
De uma coisa eu tenho certeza, desde a primeira vez que o vi, me apaixonei pelo East River. 



(Imagem: Lenapena - East River)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 13/07/2016
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