A VIDA

A vida é um crânio contendo um cérebro oscilando e um coração pulsando ao lado mesmo de dois pulmões respirando um ar fétido e perfumado dentro de um corpo prático, errático, uma cela, um cárcere, doce azedume, cadáver anatomicamente plástico; desafio que se prolonga ante a insatisfação que se delonga perante a morte que se aproxima!

A vida começa onde termina; uma voz poética que sempre luta por sua última rima!

Mas é tudo tão frágil, tão trágico, uma bela ruína! Uma queda inversa, ascensão que declina, inclinação transversa, retórica patética ativa e imóvel!

É onde todo começo termina!

A vida é mais do que viver, é mais do que sobreviver, é mais do que subsistir, é mais do que você e eu juntos podemos ser, um mundo incompleto e repleto de desejo insatisfeito de querer, um quase-prazer, um quase-ser!

A vida está além do que se pode ver, aquém do que as aparências tendem a prometer; um decreto aberto, uma regra contradita, um rei desleal, uma lei ilegal, um bem-quase-mal, uma cristina pagã, negra alemã, vilania louçã, um hoje vivido sem nenhum amanhã!

A vida nunca mais será pra sempre!