LEMBRANDO LEMBRANÇAS

É o meu coração um Relicário Adolescente

onde estão depositados os tesouros que acumulei vida afora.

Nesse cofre, ornados de róseas ternuras guardei momentos, amores, lembranças, pessoas, afetos, história.

Hoje, depois de muitos anos, muitos enganos e desenganos,

resolvi abrir meu cofre para tocar minhas relíquias, polir ilusões, relembrar momentos prazerosos.

Eis que constato com espanto, que nada mais ali contido produz algum efeito gentil, importante ou nem tanto, no meu presente.

Tudo transformado, perdendo o colorido, o efeito, o viço, a validade.

Preocupada comecei a mexer, revolver, conferir,

será que nada mais me resta de importante do meu passado?

Prossegui, revirando a arca, espalhando pelo chão o que fora meu tesouro.

Nada!

Larguei tudo ali, ergui-me desapontada, tensa, decepcionada!

Antes de fechar a porta para afastar-me

percorri com um último olhar tudo aquilo

e percebi, no emaranhado de coisas esparramadas, uma réstia,

um brilho tão intenso que ofuscou-me a retina.

Pressurosa lancei-me sobre aquela luz

Meu coração regozijou!

Minha alma perturbou-se, meu olhar chorou feliz.

Intacta, áurea, suave, perfumada, pronta para o grande abraço,

estava diante de mim A LEMBRANÇA DOS MEUS AVÓS...

Eglê Santos Machado - poetisa

Academia Grapiúna de Letras - AGRAL

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