DESCOBRINDO UM MUNDO MENOR

-O MUNDO É PEQUENO!

Todo mundo fala isso, e é cada vez mais verdade. Se faltava a comprovação cientifica, agora não falta mais. O Mundo, senhoras e senhores, é realmente menor ainda que supúnhamos.

Cientistas revelaram na semana passada uma assombrosa descoberta, como se essa fosse afetar a vida e o destino de todo ser vivente que fixa residência nesse planeta chamado Terra.

Após vários anos de pesquisas, medições, equações, usando sofisticados equipamentos, satélites e tudo mais, eles, os cientistas, para não provocar pânico, divulgaram discretamente à bombástica constatação: A Terra, o planeta Terra é menor que se pensava. Precisamente, cinco milímetros menor. CINCO! MILÍMETROS!!!!!

Pra se ter uma idéia, é quase a grossura de qualquer dos traços que formam as letras desse texto. - ! –

Mesmo que discreta, a manchete deve ter deixado muita gente em polvorosa. E alguns ainda devem continuar se redimindo como se prestes ao fim dos tempos, já que se a Terra é menor, então tudo também deve ser menor. A esperança, a alegria, a confiança, a felicidade, a vida.

Não vejo o que isso poderá afetar a minha, a sua, a do Cientista, e muito menos a existência da humanidade. Não será por cinco milímetros a mais ou a menos que viveremos melhor ou pior. Não será em decorrência disso que descobriremos a cura de todas as doenças, a fórmula do amor, a felicidade, nem também nossos horizontes ficarão menores, ou o céu fique ainda menos possível a nós.

Li que Martha Rocha perdeu o título de Miss Universo por duas polegadas a mais. E isso foi no século, milênio passado, mas ainda hoje faz parte do imaginário coletivo. Duas polegadas em excesso foram suficientes para fazê-la famosa. Muito mais famosa que se fosse vencedora, já que, no ano seguinte, seria substituída e não haveria nada nela que a diferenciasse das demais. Mas as tais polegadas, se não a deixaram ganhar o titulo, a fez nossa campeã, Miss Moral, embaixadora da exuberância da beleza brasileira, farta em polegadas a mais simplesmente porque gostamos oras.

E essas duas polegadas são dezenas de vezes maiores que os tais cinco milímetros que descobriram a menos na medida da Terra. Justificam que isso influenciará no nível dos oceanos, fluxos das marés, eteceteras e tais. Tá bom então. Nem vou duvidar, mas será que não há nada mais emergencial para os, pressuponho, privilegiadíssimos cérebros não pudessem se dedicar?

Ou será a Terra, esse planetinha rodopiante, uma candidata a Miss, disputando um concurso com outros planetas e corpos celestes? Garota Sideral; Louraça Via Láctea; Musa Buraco Negro; Rainha Orbital?

A notícia de que a Terra é cinco milímetros menor, revela que tais cientistas deveriam aproveitar melhor se dedicando às medidas das concorrentes a Miss... hummmm bela idéia heim? Eu gostaria de medir, milímetro por milímetro a superfície de uma, qualquer uma, Miss... E, por ser minucioso, demoraria mais tempo que os cientistas medindo a Terra. Não confiaria a aparelho algum, mas faria tudo manualmente.

Ou então, a prosseguir notícias assim, temo que logo sejamos bombardeados por pesquisas cientificas tão importantes como ‘Estudos sobre a influencia do queijo parmesão na maturação sexual das ratazanas fêmeas’; ou ‘Os efeitos no desenvolvimento das samambaias dos ruídos urbanos”; e coisas assim. Não é a toa que existe o premio Ig-Nóbil, dedicado a tais pesquisas.

Quem pode garantir os efeitos daqui a 50 mil anos? Não pretendo saber. Até porque a Terra, por muitos estudiosos, é vista como um Ser Vivo, chamado GAIA. E como ser vivo está em constante transformação. Então, quem garante que a medição não foi feita num espasmo de sua respiração, no instante em que ela estava murchando a barriga, heim, heim??? Afinal, quem de nós não prende um pouco a respiração na hora que percebemos estarmos observados.

Descobri isso lendo jornal no fim de semana e atraído pela manchete. Após ler quase meia página de texto, fiquei a pensar se realmente não estava fazendo mal uso do meu tempo em leituras assim. Diante do irreversível, ri sozinho de mim mesmo.

A mesma sensação deverá ter o leitor que ousar manter a leitura dessa crônica até aqui. Conforme-se. Todo mundo está sujeito a isso uai... Rir sozinho é bom.

Não é porque constatam a Terra cada vez menor que somos obrigados a nos reduzir também. Há tanto, exterior e interiormente, espaço para crescer. Viver. Independende do tamanho do universo, ou da Terra, o que importa mesmo é o tamanho do nosso mundo interior. Não tenha medo de preenchê-lo. O seu medo é sempre sua maior prisão. Liberte-se. A liberdade do homem não se mede pelo tamanho do planeta, mas pelo tamanho da sua jaula. A jaula não é casa, apartamento, sala, quarto de hotel de luxo ou pensão barata. A jaula é o próprio homem. Exígua ou ampla, pouco importa: Jaula. E nela vivem, convivem, existem, coexistem, todos espectros da fauna e flora. Venenos e néctares. Vida e morte. Instintos animais, fúria, libido, fome, defesa. Toda a Arca de Noé, em suma, cabe nessa jaula secreta e obscura que é a alma humana. (Faulstich, 1999).

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Carlos Edyl Santiago Filho, jornalista, funcionário administrativo da Câmara Municipal de Três Corações, acha que, sendo a Terra realmente menor, fica então tudo mais perto: A alegria do encontro, a delícia de cada beijo, o encanto de um sorriso.

Mais do autor: PULSAÇÕES TRICORDIANAS http://tricordiano.zip.net/

Carlos Edyl
Enviado por Carlos Edyl em 20/07/2007
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