Sem pensar, sem pensar... Ou imaginar.

Ando assim, com o passo de um laço... Não sei para onde passo.

De onde eu vim, a onça se esconde na penumbra da noite... Se faz de lebre e come os seus próprios filhotes.

Sem pensar... Sem pensar... Ou imaginar...

O futuro é incerto de todo o resto que ainda sobra dentro de mim.

Ando mesmo assim, saio da minha casa... Desço até as ruas frias e vejo novos rostos. Estranhos rostos que me olham feito amigos fiéis... Fiéis até o momento em que chega a conta do bar.

Sem pensar... Sem pensar... Ou imaginar...

Danço ao som do balanço da rede... Tecida pelos ignorantes... Coitados... Não sabendo amarrar suas vidas e famílias na barra de suas longas saias... Não saia assim.

Sem pensar... Sem pensar... Ou imaginar...

Por onde dormem as crianças modestas, dessa cidade de pedra... Mas assim mesmo se houvem da bandeira o "ordem e progresso".

Sem pensar... Sem pensar... Ou imaginar.

Os sonhos correm soltos, vendidos no mercado da troca... Pelo pedaço de pão... Na mão de um peão sincero que chora... Sem saber a sua hora da volta.

Sem pensar... Sem pensar... Ou imaginar.