"Todas as cartas de amor, são ridículas"

"Todas as cartas de amor, são ridículas!"

Fernando Pessoa estava certo. Concordo com ele. Mas não existe algo mais sincero e verdadeiro do que amor, mesmo que pareça ridículo.

Incontáveis foram as noites que chorei calada para o meu travesseiro, reclamando e lastimando nem sei bem ao certo o que.

"Como posso sentir falta daquilo que não tive?!"

Não era sempre, mas era uma dor tão lancinante que somente algo que não pode ser sentido fisicamente é capaz de doer tanto.

Tentava, dia a após dia, me convencer de que era assim mesmo, que deveria continuar levar a vida da melhor forma possível "Se nunca tive, não é capaz de me fazer tanta falta assim...".

Lia e acompanhava discursos de pessoas bem resolvidas (ou não) que afirmavam veementemente que a felicidade está em ser uma pessoa apenas, com suas funções e responsabilidades diárias, amigos, festas e até mesmo a reclusão do seu lar muito bem acompanhado(a) de um filme e uma garrafa de vinho.

Eu tentava me convencer de que isso era o certo, afinal vivemos num mundo em que cada vez mais as pessoas estão mais distantes das outras. Mas o meu lado emocional, que certamente é muito mais inteligente e sensato que meu lado emocional, soltava uma gargalhada estrondosa e sarcástica: "Isso é desculpa de quem não tem a felicidade plena e quer se convencer (e ao mundo também) que assim está bom e é o certo. Bando de frustrado, isso sim é o que vocês são!".

Enfim..., a vida continuava. Certa ou errada, mas continuava. E nessa continuidade aquele 'buraco', aquela dor se tornava cada vez mais presente. E para tentar diminuir esse 'buraco', mais burradas eram feitas e ironicamente o 'buraco' se tornava um cânion.

Mas finalmente, amadureci. Finalmente entendi que não se pode ter tudo na vida. Especialmente quando esse tudo está alheio à você e você, principalmente, não sabe quem é e onde está esse tudo.

A beleza do amadurecimento é que aprendi que será assim e que não preciso fazer discursos pragmáticos e falsos a respeito do que é felicidade.

"Pronto! Estou com minha personalidade construída! Antes tarde do que nunca. Que mulher de sabedoria e sensatez que me tornei...!"

No entanto, a vida insiste em mostrar que não é bem assim. Você apareceu! Neste exato momento eu percebi o que me faltava, de quem e do que eu sentia tanta falta: Você e amor, respectivamente.

Mas não era possível. Ainda não conseguia acreditar que tal coisa pudesse acontecer comigo, ainda mais depois de uma vida inteira sozinha.

Porém eu não podia ignorar o fato que o cânion já não mais existia, não podia ignorar o sorriso fácil e bobo que me vinha toda vez que eu falava com você, não tinha controle nos meus pensamentos em você que insistem a percorrer a minha mente e, acima de tudo, não posso ignorar a reciprocidade. Eu sei. É mútuo. Se estou assustada e com medo, você também está. E sei também que estamos dispostos a seguir a vida juntos apesar desse 'medinho'.

Enfim, descobri que "se chorei ou se sorri" não foi a toa; foi para estar mais presente e preparada para você na minha vida hoje e sempre.

Simplesmente porque Eu Te Amo!!!!