Panos Negros
Eu dependo de quê?
Dessa força inaudita, que se instala em meus vasos?
Dessa cor infinita, tal amplitude e embaraço?
Ou da pele sofrida, doída e amarga?
Quem dirá que é da voz, da certeza atroz, que reluz um fim bem distante?
Contam meus panos negros de festa que quando a luz ia embora, e pairava no ar aquele silêncio inato a todas as coisas, a todo ambiente, eu podia enfim compreender o segredo que atravessa constelações e me atravessa, matando – no escuro. Eu dependo desse tiro certeiro, o único tiro. Este abismo me é inédito.