PINTURA ÍNTIMA (EC)
 

Tenho várias caras. Uma é quase bonita,
outra é quase feia. Sou o quê? Um
quase tudo” (Clarice Lispector)

 
Disse-me certa vez alguém muito e muito mais sabido do que eu, e que já não anda mais por este mundo, dele só resta a saudade e o “silêncio de portais”, o seguinte:  Zélia, a literatura de entretons, fuga , já era. Hoje o tutano tem de ser expulso, e me mandou à vida.
Não aprendi a lição e se me confesso não me desnudo, sei apenas que escrever é preciso. E sem fôlego para mergulhar fundo, de mim só sei dizer: do que fui, lembranças de sonhos contidos... do que sou, não consigo me encontrar. O ontem vivido é manifesto desejo de revivê-lo hoje, contrariando o crepúsculo em que mergulho sem mais tempo de dar vazão a esses contidos sonhos que teimam em desconhecer as regras impostas pelo caminhar da vida. Já não me é permitido muita coisa; talvez, um... Reza minha senhora! Humildemente confesso, não sei fazê-lo, de há muito ando às turras com o Senhor lá de cima.
 Minha culpa, minha máxima  culpa...













 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 26/09/2016
Reeditado em 26/09/2016
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