Ínfimo beijo Roubado

Ínfimo beijo Roubado

Foi numa sexta de paixão;

O dia sagrado dos cristãos;

Deveria ter respeitado a sexta - feira

De lua cheia após o equinócio da primavera.

Ela era só uma adolescente de dezessete.

Não respeitou minha experiência de vinte e quatro;

Não respeitou o dia sagrado;

Não respeitou meu coração inexorável.

Insignificante criatura magra,

De olhos castanhos e lábios carnudos,

De perfume cítrico e hálito puro,

Não respeitou meu jejum e minha abstinência dos prazeres mundanos;

Cruzou o olhar com o meu de propósito.

Me tentou como no deserto.

Interrompeu meu sentimento cristão com um deslumbrante sorriso acalentador.

Me fez gaguejar,

Me manipulou como marionete,

Me fascinou com um toque.

Aquela débil garota de vestido laranja,

Me arrancou pensamentos levianos sob o luar da santa sexta.

O que aquela menina fez comigo em seguida me despertou um alerta físico,

Uma melancólica sensação de perigo espiritual;

Era um beijo;

Um ínfimo beijo roubado de estirpe indelével.

Minha sexta de paixão...

Terrivelmente malograda por um beijo apaixonado.

Adriano Cipreste