Andarilho

Eu nada tenho, a não ser essa estrada para por meus pés e caminhar sem rumo.

Eu nada como, a não ser essa saudade e sumo.

Sumo de cascas de frutos e sumo no mundo,

caminhando meus pés feridos e secos no pó das viagens.

Eu nada temo,

a não ser essa insignificância de andar e se perder no meio dos esconderijos que eu mesmo escolho,

para me proteger dos olhos de outras pessoas.

Eu nada tremo,

a não ser esses trilhos que caminho descalço

e descanso minhas mãos, no afago simples de um ramo que vejo

e deito meus sentimentos no relento junto a eles.

Eu nada sei das distâncias, porque na verdade não existem.

Sempre estou longe demais para sabê-las

e não entendo, porque me perguntam se sei para onde vou hoje

e porque tenho esses momentos de fuga?

Sempre fujo para lugar nenhum.

Takinho
Enviado por Takinho em 11/11/2016
Reeditado em 21/08/2020
Código do texto: T5820389
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