ACOLHIMENTO

Amor meu, estás cansado, muito cansado, eu sei. Cansado das batalhas múltiplas que, neste agora de tua vida, se apresentam em desafio, para que desertes e te tornes frágil. Frágil e te auto-consumindo, fenecendo, com pena de ti mesmo... na verdade, sentindo-te menos que um ser humano. Todavia, este é tão somente o teu sentir...teu sentir, do qual não compartilho...

Amado meu, em ti confio, sem reservas... não te esqueças que são largos e fortes teus ombros...

Sei que podes enfrentar todas as batalhas que a Vida te quiser ofertar, a do pão de cada dia, aquela do inimigo cruel, que de ti não tem compaixão e que te quer lançar em opróbrio...

Contudo, também, inimigo cruel, na realidade não existe, eis que o inimigo é apenas a situação de adversidade, que se constitui em referencial necessário, em decorrência da lei de polaridade, para que o atrito e a lapidação de alma e sentimentos se efetive, atraindo para o ser que a vivencia, o crescimento evolucional. São forças e Pólos opostos que se completam em termos de equilíbrio universal.

Vejo, alma querida, com os olhos de minha sensibilidade, o teu caminhar no deserto poeirento, pensando...pensando em cada batalha vencida e lançando-te a indagação: por quê?! ... A causa ou as causas escapam à tua análise simplesmente mental...racional...

E, continuando o teu pensar, detém-te naquelas outras, que vislumbras, como que enfileiradas, aguardando o momento da difícil e pertinente dinâmica. Dinâmica em que terás de retirar força do íntimo de ti mesmo, para iniciar a luta e a ela não sucumbir...

Tua cabeça entra em quase ebulição... o que fazer? Esta é outra indagação que, igualmente, a ti próprio, lanças...

É bem de ver, contudo, que ainda dependente das lindes fronteiriças de espaço, tempo, bem e mal, sombra e luz, ação e reação, as lutas

de cada ser são vivenciadas dentro de cada um, expressando-se em dimensões múltiplas...

Daqui, de longe, eu te contemplo, quase serena, quase ansiosa, pelo teu futuro imediato. É o momento em que o meu ser quer falar ao teu, de coração para coração, e, dizer: não te inquietes... não te entristeças, não fraquejes... continua o teu caminho com luz e amor...

Sei que aqui chegarás, aqui, onde te aguardo com braços abertos e estendidos em postura de acolhimento. Estás chegando...

Vem... transpõe esta porta e adentra esta tenda, aqui, neste oásis, tenda que é minha, que é tua, oh, forasteiro... Forasteiro?! Não, não és forasteiro, pois, sinto que minha alma conhece a tua desde uma época que se perde na noite dos tempos!

Vem... descansa teu corpo exausto. Desnuda-te destas vestes rotas, toma teu banho, que outras te aguardam, de puro linho branco, refletindo a luz deste recanto de amor e paz. Toma teu banho, que já te ofertarei água fresca e um alimento... pão com frutas e mel...

E, alimentado e já quase renovado de roupas e alento, deixa que eu retire de tua fronte esta ruga profunda de desgosto e preocupação. Deixa que sobre tua testa eu coloque esta toalha úmida e refrescante...

Repousa... fica sereno, não te machuques mais... confia, apenas. Confia e relembra que o Doce e Poderoso Rabi da Galiléia, o Nazareno, com os imbatíveis poderes que seu Pai, o Deus Único e Verdadeiro lhe outorgara, assim decretou: "Tudo o que pedirdes ao Meu Pai, em Meu nome, crede que já o tendes recebido, e, recebereis...".

Permite, também, que eu, neste momento, te ofereça um amor puro, fraterno e incondicional, sem posse, sem frêmitos de desejo e arroubos, mas, com a profundidade de meu coração saudoso de ti! Sim, saudoso de ti, eis que te aguardava há tanto, tanto tempo!

Com efeito, verdadeiramente, eu, de há muito, te aguardava. Aguardava-te apenas para ajudar-te nesta estação de repouso, para que pudesses prosseguir na jornada de tua evolução espiritual! Para que, doravante, ultrapasses tanto os sismas telúricos que a Mãe Terra possa te apresentar, como os embates e alternâncias das emoções, advindas de tantas batalhas...

Reclina-te, pois, neste divã, deixando-me que eu te acalente. E em nome daquele esplendor, que é Yeoshua, e, com tua própria permissão, deixa-me ungir com santo óleo, a tua fronte, o teu mental, que, ungido, e abençoado, trará para a tua cabeça, todas as soluções de que necessita o teu ser, neste segmento de tua vida terrena, que se mescla com a espiritual!

Autoriza-me, também, que eu possa ungir e perfumar os teus pés, amenizando as dores dos espinhos que pisaste pelos caminhos da Vida...

Dá-me, finalmente, tua mão, para que, juntas, nossas almas possam agradecer ao Altíssimo, por nosso encontro e pela renovação de tuas e de nossas energias...

Descansa, pois, amado meu, pois que, logo mais, surgirá a reluzente aurora, acolhendo-te e convidando-te a percorrer novo trecho de tua estrada..., cheio de esperança e de AMOR E LUZ!

E assim, espero que leves contigo, dentro do coração, este meu acolhimento, que provém do mais profundo de meu ser!

Maria Deonice Sampaio Costa

De Fortaleza, a 29 de julho de 2007

Maria Deonice Sampaio Costa
Enviado por Maria Deonice Sampaio Costa em 29/07/2007
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