Ao anoitecer

Olho pela janela e vejo a cidade sendo engolida pela noite.

A noite tem dentes pontiagudos e língua escura que lambe os telhados.

O medo anda de mãos dadas com a solidão. Crestam-se beijos nos lábios das avenidas quentes.

Acendem-se luzes para delatarem o que se pretende esconder.

O crime faz seu percurso variado e dá vida às reportagens do dia seguinte.

Olho pela janela, pessoas uniformizadas, regressando para casa. Como são descaracterizadas pela ordem imposta!

Vão ao passo da pressa que as conduzem para o merecido descanso; e a noite sugere que voltem a ser gente e não objeto de trabalho.

Takinho
Enviado por Takinho em 07/12/2016
Código do texto: T5846523
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