EU, AS VERDADES E A VIDA!

Toda minha existência foi e está sendo um incessante caminhar de buscas por verdades e conhecimentos. Perdi a conta dos livros que li, de filósofos que estudei, de pensamentos e ditados que analisei, de livros religiosos que, como um térmita, "varei" de um lado ao outro, que os "mastiguei" por infindáveis anos em busca de certezas.

E agora vejo que cheguei ao desassossego total, ao ponto de afirmar, a mim, que para errar, sem dúvida posso fazê-lo sozinho.

As milhares plurais convicções de outros não conseguiram construir a minha, e me encontro no anfiteatro da solidão. Meu consciente branco quando nasci, foi alimentado dia e noite por verdades (???): de fé; espirituais; de convívio; de audição; de leituras; de imagens; de imposições; de chantagens religiosas; de ameaças; de depoimentos (verdadeiros?); de ícones religiosos desde 6000 anos atrás, até os dias de hoje e de "gritarias" escritas por milhares e milhares de pessoas expondo suas discutíveis verdades, e de conteúdos enciclopédicos. Discutíveis não no sentido pejorativo, mas sim, porque dão e deixam espaço a questionamentos. Quantos e quantos destes, em minhas mãos caíram?

Há um milhão de vozes a me dizer; eu tenho a verdade; a verdade está comigo; siga-me que eu te salvarei; eu tenho o dom; Deus me disse; eu sonhei e no sonho tive uma visão que me disse ou me ordenou; e eis que ELE me apareceu; e ELE apareceu a; Deus não existe!; a ciência afirma... etc etc etc. Assemelham-se a milhares de estorninhos (um pássaro) a fazer firulas na minha mente e no meu saber, a querer me vender ou passar-me, ou enfiar-me verdades goela abaixo.

Dezenas, centenas de escolhidos pelo altíssimo e/ou divindades, em detrimento a mim.

Mas, por que razão, não eu então? Por que razão não a mim, sonhos, deuses, altíssimo, divindades e deusas da luz, da verdade e do esclarecimento? Por que, afinal, preciso, tenho eu, que crer em seus porta-vozes?

Claro, não sou cético a tudo, todavia não posso ser crédulo à partes! Algum racionalismo de suporte minimamente respeitável, há que se ter. Obviamente sei, (ou desconfio), que há "coisas" e "fatos" outros, debaixo desse sol que me ilumina e desta noite que me cobre. Porventura "isso aqui" existiria para mim, por acaso, se "aqui" EU não tivesse nascido? Afinal, o quê importa o que existe, para aquilo que não existe? Não é, ou não seria com certeza, um dependente do outro? Onde ancora-se o nosso Universo? Respondo: Ancora-se no meu nele aqui nascer, porque, caso contrário, como poderia eu saber dele? Obviamente o conheço porque aqui estou e... vivo!

Temo então, que a vida seja o único sonho, do qual jamais acordamos. Nascemos, vivemos, e morremos, ainda nele.

Ou será que, dormimos ao nascer e acordamos ao morrer?

.

Athos de Alexandria - 16/12/2016