As quatro estações

A boca da noite clássica a engolir VIVALD,

mastigando-o por inteiro, com seus dentes de violino

e sua saliva de violoncelo.

Vem toda cheia dele, parando de vez em quando sua gula

e o repartindo, pedaço em pedaço, a todos que passam e fitam-na

e ouvem sua mastigação de carne e espírito, instrumentos e sons.

Tudo parado e extasiado, vivendo as muitas roupas do passado, que guardavam e amavam belos seios e belas pernas;

vivendo toda monarquia e monotonia da realeza,

cheia de pedras e quedas.

Salões cheios de cadeiras de madeira de lei,

todo chão coberto por tapetes,

todas as mulheres sentadas e desejadas e

a música pingava solene,

escorrendo pelo ar, gota em gota,

caindo na boca da noite clássica, tapando-lhe a garganta, fechando-lhe os olhos

devorando- lhe a gula e o desejo...

Takinho
Enviado por Takinho em 23/12/2016
Reeditado em 26/12/2018
Código do texto: T5861509
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.