PROSA – Um dia diferente - 08.01.2017
 
 

PROSA – Um dia diferente - 08.01.2017

 
 
O dia amanheceu lindo,
Nem ao menos ameaça de chuvas,
Céu de brigadeiro: acordei sorrindo,
Prometera a mim mesmo,
Fazer uma pipa e a fiz,
De madrugada, não a esmo,
Levei a capricho, fui feliz,
Varetas milimetricamente postas,
Pra não ficar pendendo, rodando,
A cobertura ficou bela,
Nas cores azul, verde e amarela,
Assim como nossa bandeira,
A cauda seguia o mesmo tom,
Ainda pensei no marrom,
Mas seria uma besteira,
O cabresto ficou um dez,
Cheguei a pensar num revés,
No caso duma zoeira,
Número dez minha linha,
Própria pra empinar,
Peguei todos os apetrechos,
Tudo certinho, nos eixos,
Botei dentro do carro,
E à praia fui tentar,
Não havia uma pipa sequer no ar,
Quando abri minha sacola,
E retirei minha obra,
Houve risada de sobra,
Mas o velho não deu bola,
Na primeira tentativa,
Meu artefato subiu,
Respirei fundo como quem diz:
Vão à ponte que caiu,
A praia muito lotada,
Mulheres demais a granel,
Umas sozinhas, outras acompanhadas,
Algumas lindas e gostosas,
Outras então, maravilhosas,
Puderam ver minha jornada,
Fazendo estripulia,
Era tudo o que queria,
Agora boa risada,
De aprovação surgia,
Fui travando uma conversa,
Com os vizinhos depressa,
Pois tenho facilidade,
De angariar amizade,
Gosto de me aproximar,
E o meu verbo falar,
Em algumas notei certo olhar,
Sabe, deixa isso pra lá,
Pois garota acompanhada,
A vigilância é dobrada,
Pode gerar confusão,
Eu não aguento porrada,
Pois sou um bom cidadão,
Na cadeira amarrei a linha,
Era boa a ventania,
Risco de cair não havia,
E fui tomando cerveja,
Geladinha de prazer,
Comemorando a proeza,
Lembrando meu alvorecer,
Pois quando era menino,
Com certeza eu atino,
Aprendi pipa fazer,
Ganhei dinheiro com isso,
Mas tudo sem compromisso,
A tarde foi chegando,
A cerveja atuando,
Hora então de recolher,
A mesma prática de sempre,
A meninada a querer,
Que eu doasse minha pipa,
Foi que pude perceber,
Que a idade tá na mente,
Sequei minha tulipa,
Paguei a conta urgente,
Hora então de recolher,
Mas a vida continua,
Penso vou me acostumar,
O perigo está na rua,
Ladrão em todo lugar,
E se alguém se acovardar,
Por causa de tanta ameaça,
Essa vida perde a graça,
Melhor então ir pra lua,
Mas confesso minha gente,
Fiz o que tive vontade,
Sou teimoso de nascença,
Confio na minha crença,
E voltarei ao tablado,
Digo isso com certeza,
É da minha natureza,
O que afirmo é patente,
Meu dia foi diferente.

 
 
Ansilgus
14/01/2017 08:59 - Cristina Gaspar fez o seguinte comentário, grato:
Trigueiro e pueril Inocente estava um maduro. Sob um céu azul anil. De pipa em punho bem seguro. A observar as beldades do Brasil. Debochados verbos lançados no escuro. Sob o Sol a pino sobre um que julgam senil. Que pensamento mais errado talvez juvenil. Lá estava um persistente feliz e viril. Ao firmar sua pipa no ar deixa de ser obscuro. Emprenha-se de alegria fresca e infantil. Com empatia a todos agrega em pacto puro. A manhã fica ajeitada como brisa de Abril. Sem esbórnia e com a sensatez de um muro. Ao caminho de casa retorna reluzente. Menino idoso assaz persistente. Do seu aprazível dia diferente!
Meu querido, a você, todos os bons dias, sorrisos e meu muito obrigada, por tudo sempre. Impagável texto, eita! Inspiração gostosa e arretada, amei, abraços cariocas fraternos, fique por Deus protegido, tenha um ótimo sábado.
Para o texto: PROSA Um dia diferente - 08.01.2017 (PR) (T5876564)
ansilgus
Enviado por ansilgus em 09/01/2017
Reeditado em 01/02/2017
Código do texto: T5876564
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