Emoções confusas

Há um presságio de não sei quê em minhas emoções, um sentimento que só chega a ser sentido como promessa de senti-lo. Uma sonolência nos pensamentos, um cansaço como de quem está cansado de esperar por alguém. Que estarei esperando? Ou sou eu o esperado?

A cada dia que passa no desalinho triste das minhas emoções confusas, vai se acumulando aqui e ali nos cantos da alma qualquer coisa de um sentido de espera, um prólogo de uma história que desconheço e nunca chega a ser contada. Tenho sono na alma. Em meus sonhos há sempre uma impressão que fica, como um aceno, uma partida, que chega até os olhos da alma depois que desperto, e deixa-me saudoso do que me não lembro. Será de mim? Será que nada virá? E o que não me chega com clareza é, no fim, um partir, uma despedida? Mas de quem?

Cresce em mim esse sentimento de que algo nunca chegará, como uma semente germinando mas que nunca dará frutos.

"Nunca chegará"! Talvez seja isso – o saber de uma espera por nada, que nunca chegará, mas que continua crescendo à medida que nada acontece. Mas não sou eu que espero, é um sentimento que me espera. Sinto que devo tomar uma decisão. Mas de quê? Para quê?

Estou preso num vir-a-ser de sensações virtuais, invisíveis para os olhos da análise, que se sente pelo avesso, como se a alma lesse os sentimentos de trás pra frente.

Fiódor
Enviado por Fiódor em 24/01/2017
Reeditado em 27/04/2020
Código do texto: T5891414
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