Para Maiores De Dezoito

Um dialogo sobre a verdade entre machos e fêmeas, livres pelo entendimento, mas presos por suas verdades irracionais.

Venha cá fêmea com estes teus lábios,

Encosta neste macho que nem é moço de modos.

Não tente manter-se sempre no equilíbrio;

No equilíbrio do que dizem as normas de boas condutas.

Então morena,

Morena plena de cio e vastas melenas,

Compreenda o meu lado animal que desperta com teu cheiro,

E ceda quando rasgo teu vestido na loucura do meu desejo.

Sinta o teu coração acelerando sem controle,

Inchando tuas veias,

Eriçando teu pelo e sensibilizando teu seio.

Vem em meu auxilio no abrir das tuas coxas tremulas,

Pois bem abertas posso ir mais fundo,

Mapear com minha vara o que ainda no teu corpo está oculto.

Não ligue para esse medo que vem por nunca nos termos visto,

Sou ordinário aos outros e estou no cio.

Não vou me importar com a paisagem adjacente,

Pois só penso em ficar preso entre tuas paredes rosadas,

E permanecer num ir e vir alucinado.

Me impulsiono pela sinfonia dos teus gemidos,

Gemidos que se libertam da tua boca sugados pela aragem noturna,

Onde estou preso pela gravidade do teu corpo me sugando pra ele,

Como fossem nós dois imãs num mesmo pólo.

O passado que o sol revela não nos pode deter,

A força da norma não nos alcança.

No calor do nosso sangue está o futuro e o presente,

Suspendidos um dentro do outro como universos entrecruzados,

Numa força prestes a explodir incontrolável.

Incontrolável e selvagem a ponto de fundir nossos fluídos,

Tornando tudo leve como ar rarefeito.

Então, se em tua liberdade quer que pare eu pararei,

Pois meu demônio está esperando bem na entrada do teu paraíso.

Mesmo o animal que estou por teu cheiro e coxas,

Está pelo seu sim e pelo seu não.

Se sim,

Então move os teus olhos para as estrelas,

Que invado você no mesmo instante.

Antes que a luz tênue da penumbra que vasa pela janela,

Seja engolida pela claridade diurna e nos arraste sem pedir,

Para longe dos segredos e dos mistérios do escuro.

Estou só pelo seu sim e pelo seu não,

Que é tudo que me detém realmente.

Mas não me venha com estas de bagaceiro,

Pois este teu cheiro de lixiguana não é civilizado.

Nem a maciez desse teu corpo moreno,

É um salmo de calmaria aos impulsos que provoca.

...............

Se realmente deseja me pegar tanto assim,

Saiba que eu nunca revelo meus segredos,

E penso o mundo segundo meu coração.

O que julgo digno é só meu para pensar,

E o que o teu cheiro me causa de bom numa hora,

Bem na outra pode me repulsar.

Mas como estou entediada,

Sua libido veio bem a calhar.

Me toma estranho que eu sou livre como os felinos,

Percorro distâncias dentro do meu ser feminino.

Nada tenho de consórcio com as normas morais,

Meu corpo pulsa vivo dentro do meu próprio universo,

E não há o que possa me conter no meu cheiro.

Ele é meu arauto de cio e sai pra atrair meu oposto,

Pois não aceito estar presa entre as paredes das aparências.

Desejo ser visível e sentir que estou viva neste meu tempo,

Embriagar as retinas com as luzes da cidade.

Ser suspendida pela emoção até desfalecer dentro de mim mesma,

E quando acordar ser somente minha para me dar,

Só porque me pertenço a cada manhã.

Não ligue para minhas manhas só enquanto me pega,

Mas da valor aos meus ais que a sensibilidade me pertence.

Funde nesta brevidade o teu universo ao meu,

que me torno lâmpada de luz contínua

Só com a força dos meus gemidos e rosnados.

Cuida se viro meus olhos para as estrelas,

E bem no meu tempo me invade como quiser.

Mas seja suave no início que sinto do meu jeito,

Porque nessas horas não sou mais minha.

Pertenço só ao momento e a quem me toma,

Passado e futuro não podem me conter e explicar.

O sangue que me percorre me deixa maior para mim mesma,

E cada dia desperto para as muitas que posso ser.

Então pega de mim o que nesta brevidade ofereço,

Funda-se em mim pois sou escorregadia e prefiro estar liberta,

Só para dar-me a quem o meu espírito aceitar.

Que por esta feita prenderei a ti nas minhas coxas,

Apenas ao tempo do meu gemido mais agudo.

Não o libertarei antes de desfalecer em mim mesma,

Pois sei estrangular teu falo só para o meu prazer.

Ediondo
Enviado por Ediondo em 28/01/2017
Reeditado em 23/03/2018
Código do texto: T5895692
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