um poema cru dedicado ao ovni solitário e aos idiotas

as noites em que não havia nada

para fazer

e dinheiro nenhum para ter

algum lugar pra ir namoravam comigo

quando

vinham e me chamavam para dançar sob

a solidão da lua

eu não tinha emprego,

parecia um idiota porque

não sabia conversar com as pessoas nem

jogar o jogo como elas esperavam que eu

soubesse. estava engordando e meu

cabelo bagunçado estava longe de ser poético.

mas eu sonhava com palcos e gritos

que ressoavam juntos com a minha guitarra elétrica

cantando Cazuza a noite toda enquanto olhava

para a palmeira que dançava na minha janela,

as nuvens melancólicas

que corriam no céu acima de nós, pinceladas

pelas luzes dos postes de luz.

eu andava tão down e tentava

pegar a lua com as mãos mas

ela estava exatamente em cima de mim

e minha janela tinha grades

que lembravam uma prisão e não me

deixavam vê-la

mas um ovni solitário veio me ajudar numa

dessas noites de romance e

me trouxe um brilho novo que eu nem

lembrava mais, um rastro vermelho

como um corte na pele escura.

eu não queria escrever sobre nenhuma realidade

além da minha.

Arthur Rabelo
Enviado por Arthur Rabelo em 29/01/2017
Código do texto: T5896367
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