um poema cru dedicado ao ovni solitário e aos idiotas
as noites em que não havia nada
para fazer
e dinheiro nenhum para ter
algum lugar pra ir namoravam comigo
quando
vinham e me chamavam para dançar sob
a solidão da lua
eu não tinha emprego,
parecia um idiota porque
não sabia conversar com as pessoas nem
jogar o jogo como elas esperavam que eu
soubesse. estava engordando e meu
cabelo bagunçado estava longe de ser poético.
mas eu sonhava com palcos e gritos
que ressoavam juntos com a minha guitarra elétrica
cantando Cazuza a noite toda enquanto olhava
para a palmeira que dançava na minha janela,
as nuvens melancólicas
que corriam no céu acima de nós, pinceladas
pelas luzes dos postes de luz.
eu andava tão down e tentava
pegar a lua com as mãos mas
ela estava exatamente em cima de mim
e minha janela tinha grades
que lembravam uma prisão e não me
deixavam vê-la
mas um ovni solitário veio me ajudar numa
dessas noites de romance e
me trouxe um brilho novo que eu nem
lembrava mais, um rastro vermelho
como um corte na pele escura.
eu não queria escrever sobre nenhuma realidade
além da minha.