Do joio, do trigo e da privacidade.

A rede está cheia de lixo mas, cheia de tesouros também.

Às vezes não é fácil separar um do outro, por isso muitas pessoas da minha geração relutam um pouco em navegar.

Para mim, francamente não foi difícil,

porque quando era menino eu e meus amigos costumávamos escarafunchar o lixão da cidade, numa espécie de arqueologia, no começo foi para procurar vidros, objetos de ferro, alumínio, ossos e vender para o Barbatana conhecido comerciante de recicláveis, termo ainda pouco utilizado naquela época, com o tempo a procura deste materiais recicláveis se tornou secundária e o escarafunchar, o garimpar por si, sem um objetivo específico em mente se tornou um enorme prazer.

Bom, por aqui dá-se o mesmo, encontra-se muito lixo onde se pensava haver algo que valesse a pena, e por outro lado se você fuçar um pouco mais, no meio do lixo a gente é surpreendido com verdadeiros tesouros em forma de poesias, pensamentos, reencontros de gente e de lindas histórias.

Eu mesmo, já encontrei maravilhosos filmes antigos, surpreendentes poemas desconhecidos, amigos perdidos e outros esquecidos.

Na rede quem procura acha, mesmo sem saber o que procura,

mas assim como na vida, tem que navegar, sair para pescar e aprender onde jogar suas âncoras.

Lá fora ou aqui, somos o que somos, mas em níveis de realidades diferentes;

Na rede curtindo é que somos curtidos, compartilhando é que somos compartilhados.

Muitas vezes não postamos para ser curtidos, mas gostamos quando curtem.

Quanto a privacidade, cada um estabelece seus limites.

Como disse Dostoeivski,

há coisas que não se conta nem para os melhores amigos,

outras nem para si mesmo.