alto, alto, alto...

Estou fazendo as malas. Já está na hora de ir para um lugar distante, onde não imagino o que encontraria.

É hora de confessar que o amor pelo seguro é o que faz tropeçar e viver tropeçando, como se, com o passar do tempo, meus passos não fossem mais tão meus.

Estou fazendo as malas e escolhendo um lugar mais alto. Estou olhando meu céu, que não mais olharei, com um misto de ódio - que justifica as malas - e de um saudosismo inconcebível que eu não esperava como hóspede, porque é como se meu céu fosse eu mesma. E ele me ameaça me acompanhar aonde eu for, como eu mesma.

Às malas! Não quero levar tantas coisas supérfluas. De banal, eu me basto. Quero carregar o suficiente. O resto que se converta no delírio e no pecado dos luxos raros.

Estou indo aprender a ser só. Estou indo saber que talvez a afirmação da existência não dependa de que nos avisem que existe.

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