Desabafo comum

Andando pelas ruas da cidade grande

Vem num instante fatigante, uma fútil sensação de medo

Olho para os lados, para cima e para baixo

É apenas minha sombra covarde

Dobro a esquina, sou assaltado

Tive sorte, me levaram apenas o montante da comida

Outros já perderam a vida

E já não contam mais.

Eu perco minha coragem, a cada imagem na TV

Prefiro cada vez mais o dentro de casa

E dentro de casa também, nem seguro é

Somos invadidos, e submetidos a viver entre esses animais

Que são presos, julgados "vitimas da sociedade"

E são soltos, fazendo vitimas mais tarde.

Eu só queria viver em paz, na minha casa com minha familia

Mas paz não há nesse mundo, é natural perder a vida

E mais natural ainda que a tirem de você

A morte de um pai de familia

Não comove mais ninguém na TV.

Mas veio nesses dias apocalípticos

Os derradeiros do fim dos tempos

O fim de mais uma pobre vida

Que violentada pedio clemência

E a morte veio como clemência concedida.

Passou nos jornais, Dandara, morta, comovel a população.

A mídia claro, se aproveita disso, e das mil audiência

Essa violência da ibope, gente comum não

Isso mostra o preconceito da nação

E como ela precisa ser mudada

Essa gente patriarcada

Burgueses imundos que tem toda riqueza

Enquanto por causa da desigualdade

Criam vitimas da fome e miséria

Que se formam bandidos mais tarde:

Bandidos não, vítimas.

Eles não merecem pagar pelos seus crimes

Eles cometeram, mas os culpados somos nós

A justiça protege os bandidos

Mas não protege a população

E quando vem mais uma vida perdida

Seja de qual raça, orientação sexual, uma vida

Que é perdida todo dia

As vezes fica impune

Ficando só a cargo da justiça divina.

E agora com Dandara morta

Os culpados estão sendo presos

Todos "vitimas dá sociedade"

Será que serão libertos mais tarde ?

São culpados mesmo?

Ou a culpa disso tudo é o preconceito?

Eu não sei, que todos paguem

Pelo o que tem feito

Esse é meu único desejo.