Um Velho Carvalho Escuro. (Texto de Igor Gontijo)

Eu o convido, amigo leitor, a apreciar este surto de uma mente pouco sã, que teve sua capacidade diminuída com os anos. Se quiser saber por que usei "Velho Carvalho Escuro" como pseudônimo, apesar de geralmente assinar tudo que escrevo como NG. Eu explico. Gosto de comparar a humanidade a uma floresta. Espécimes morrem e nascem, triunfam e perecem, mas tudo, absolutamente tudo, está envolto neste ciclo. Grandes e poderosas árvores que mantêm boa parte do equilíbrio da sua raça ate uma minúscula planta, um frágil cogumelo.

Você pode dizer que minha comparação tem furos. Sim! Afinal, sou apenas um Carvalho! Não velho nem confiante para surpreender a humanidade, mas com tamanho e loucura para estar em um lugar sozinho e oferecer um sorriso a quem se aventurar em meus humildes galhos. Porque fui agraciado com olhos fracos e debilitados, porém são os olhos de um poeta. Não confiantes, mas distantes e até tristes, vez ou outra, mas porque sente o corte e o reconforto das palavras.

Comparo a humanidade a essa floresta enorme, com ervas daninhas, e pessoas como eu. Com sua humilde cota de sabedoria e um olhar diferente para com o mundo. Um carvalho, geralmente é associado à sabedoria, mas como disse no início, isso que você lê é um simples delírio de uma mente pouco lúcida. Um Velho Carvalho capaz de ser pai apenas com palavras.

Um leitor nasce da soma de fragmentos de sentimentos que um leigo opta por tirar do amor que um autor põe em sua obra. Com a junção de tudo aquilo que o escritor insere em seu texto, o leitor pode ganhar os olhos inatos de um poeta. E como são belos esses olhos!

Uma pessoa que já viu o mundo da maneira que ele é. Agora vê com música, como inspiração, com insanidade, com magia! Com tudo que ele quiser escrever, e isso é o que eu sinto quando escrevo.

Que em algum lugar, alguma pequena erva daninha tenha finalmente encontrado prazer em viajar por terras longínquas em um corcel negro. Prazer em ouvir a história de um jovem rapaz que descobre seu talento. De uma índia ao lutar ao lado de sua tribo contra colonizadores, ter seu coração tocado pela beleza do amor de um coração de puro e gélido aço, incendiar-se em paixão. Paixão que no mesmo instante percorrerá seus pulmões. Sentir prazer em ler uma tragédia, mas seu sangue ferve e ele opta por reescrever tudo à sua maneira. Então, só então, o Velho Carvalho pode sorrir, pois ele nunca o faz. Mais um nascimento?

Quem não tem alma para sorrir ao ver o ciclo se repetir mais uma vez? Então sim, eu já fui pai, sei como é gratificante ver sua cria ter uma. Velho, velho o suficiente para poder ver tudo isso. Grato por me acompanhar nos momentos finais do meu sentimento: O velho Carvalho Escuro, NG.

Igor Gontijo

*Primeiro ano do Ensino Médio.

Letras da Canastra
Enviado por Letras da Canastra em 10/03/2017
Reeditado em 10/03/2017
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