INFÂNCIA PERDIDA

Uma senhora, (minha mãe)
dizia que tem gente
que passa pela vida, criança...

Minha tia, irmã dela,
era uma criança grande, que
via o mundo com lentes
cor-de-rosa e com isso, sofria...

Sofria porque o mundo é cruel
 e não tem dó nem piedade
de ninguém, sejam crianças,
adultos ou adultos-crianças...

Quando ela se deparava com a
perversidade do mundo, chorava
feito criança, (o que realmente ela era),
pois jamais abandonara a sua puerícia.

Tia Iara, a caçula de toda a prole,
a que casou com um ricaço, a que
teve tudo o que queria mas, teve
sua infância perdida (trauma da morte
prematura da sua mãe), e arrastou, por todos
os seus dias, a menina que habitava em si.

Era engraçada, contava piadas, sorria
à-toa (aparentemente feliz), mas
mamãe dizia: minha irmã é uma
criança grande - ela sabia o que dizia,
pois via sua mana deslocada no mundo,
por viver a infância num tempo perdido.
Fernanda Xerez
Enviado por Fernanda Xerez em 04/04/2017
Reeditado em 04/04/2017
Código do texto: T5961472
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