DitaDOR dos ponteiros

Dita a dor aos ponteiros

e ao maldito inventor:

Era triste, infeliz?

Preenchia seu vazio com a rotina?

Ou era sádico?

E se divertia com o sofrimento alheio,

Com a dor da meia vida?

Ora, vamos!

Não havia notado que as flores, além de cores, têm odores a estimularem-lhe os sentidos?

Não sabia que as estrelas precisam de pausas inteiras para terem seu brilho contemplado?

Foi criado na redoma cinza do tempo fracionado?

Apressam-se pés pelas horas jogadas fora.

Correm pelo correDOR das obrigações.

Nunca caminhou lentamente pelo mundo?

Ou pôde deixar fluir um amor profundo?

Ah, o conhecimento...! Necessário, concordo. Mas ele não brota de uma única fonte.

Já leu um livro a sombra de uma árvore? E sobre os seus galhos, então?

Observava os pequeninos seres na grama? Será que eles enxergavam você? Ou também não podiam parar e, escravizados pelos afazeres, tiveram seus momentos roubados?

Dividia tudo em grandes porções de trabalho e dizia: "tempo é dinheiro". Não aprendeu que são segundos, dias e noites que não voltam mais? Nunca mais?

Passava os minutos contados com o relógio de pulso, mas já deixou pulsar algo? Sonhos...sangue...vida?

Passou. Ja é passado. Apenas se apresenta a dor de arrependimentos infinitos. Pena.