A leveza como nosso toque na subtância pulsante da vida

Se há uma ponte entre a alma e o corpo, somos obrigados a percorrê-la; pois, amar, com certeza, seja o ato de desfazer contradições, principalmente, entre a alma e o corpo. Amar é deixar-se evadir, adentrar brumas sombrias e frias, restando, somente, o nosso grito, nosso silencioso ruído. Ao amar duas forças se auto constituem: o homem escravo de si mesmo, sedento pelo toque delicado da paixão, pelo seu acréscimo espiritual; e o próprio amor, que passando de ser uma sensação frívola, se torna a fonte de nossos desejos: a correnteza que sacia nossa sede em meio ao deserto.

Amar, assumir que há um sentimento maior que a nossa condição, não é ser fraco, nem tão pouco repetir atos planejados, mas deixar-se ser tocado pelos momentos de prazer, surgentes nas esquinas de nossas vidas. Só temos uma única oportunidade, "fazer" ou "não-fazer" pouco importa. No entanto, é imprescindível refletir; saber que ao vivermos nossas escolhas influenciam nos desígnios de nossas vidas.

Talvez a alma nem se conecte com o corpo; talvez nem amemos; talvez Deus e o Demônio sejam diferentes; talvez o peso seja um caminho a ser vencido rumo à leveza do ser.

Há tantos talvez, sendo os próprios acasos formadores de nosso fio vital ininterrupto. O acaso nos impele àquilo que é verdadeiro: ao querer recíproco entre nós. Somos intermediados pelo presente: por essa constante que se torna passado e se lança ao futuro do presente; um presente que não cessa, que se preteriza e se futuriza, mas sempre sendo presente. Só vivemos no "aqui-agora". Portanto, que o amor e todos os movimentos internos, possam fluir na continuidade de nossa busca, de nossa evolução de seres temporais; pois, nascemos no coração do desconhecido e voltaremos ao mesmo princípio. Assim, que ao menos voltemos lapidados: uma rocha vulcânica expelida do interior da crosta terrestre, que por anos geológicos foi tornando-se porosa, sólida e leve... leve como a espuma do mar. A leveza é o toque da miséria humana na substância pulsante da vida.

Deivity Cabral
Enviado por Deivity Cabral em 27/04/2017
Reeditado em 27/05/2017
Código do texto: T5983154
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