Ventos da saudade

Ventos da saudade o trazem de volta.

Na mão peluda um buquê de rosas, rosas brancas.

O sol quente e o ar parado, cantos de invisíveis pássaros e ele para em frente do quadrado revestido de mármore que se aproveita da sombra de um pé de fruta para parecer ainda mais frio.

Não existe cruz e na "capelinha" uma foto bem protegida mostra uma jovem de longos cabelos negros e olhos misteriosos.

Uma jovenzinha se aproxima e para ao lado do velho caçador e por instantes também observa a campa em silencio em seguida pega as flores da mão do meditativo senhor e coloca em frete a foto de sua mãe.

Embora os traços da pequena menina mostrasse o parecer de sua mãe elas eram bem diferentes, a criança é mais comunicativa e lépida enquanto a outra era mais fechada e pensativa, quase sempre que falava era em silencio o que tornava mais fácil lhe entender.

A menininha gosta de sol, de correr, da movimentação da rua, aprecia musica barulhenta e sua mãe era amante do silencio, da boa leitura de conversar com a lua e da magia da noite escura, gostava de segredos lindos ditos ao pé do ouvido, gostava também de sonhar sem dormir e com os olhões bem abertos.

As vezes bate uma forte saudade e mesmo um dor o acomete sentindo sua falta e nestas horas aprendeu a ficar uns instantes notando a pequena senhorinha e então ouve no silencio dos que falam calado sua amada lhe dizer: "Eu estou contigo, nunca deixei de estar, mas agora além de me ver pode me tocar, cuida de mim."

Sente que um dia no céu dos apaixonados onde se encontram aqueles que por qualquer fatalidade foram neste mundo maldito separados, ali a vai encontrar, vai novamente acariciar seus cabelos e nos seus olhos vai sonhar, um sonho romântico que fala de um amor em noite de luar, que fala de marulho de águas doces e de um velho lobo que ousou se enamorar.

Por enquanto fica aqui, cuidando desta "torrãozinha" sapeca que não se cansa de travessuras, se fingindo bravo mas na verdade sabendo que de novo ja é feliz.