Minhas fugas

Minhas fugas de mim revelam que importa fugir. Elas me põem frente a frente com meu coração, encenam os papéis que escrevi e ao mesmo tempo dirigem em ziguezague na contramão.

Tais escapadas gritam que pode ser monótono estar em mim, mesmo iludindo ultrapassam a ilusão, nelas ainda é possível se ferir e fora delas não há garantia de salvação.

Enquanto eu corro pra longe de mim, encontro meus detalhes que um dia botei pra correr, sentem todos saudades sem fim e eu ao encará-los percebo que resgatar alguns deles é o que eu preciso fazer.

E quando eu já me vejo distante me pego a colher frutos do mesmo chão, minhas saídas admitem que não me livram de viver o meu instante, pois aonde quer que eu vá, as razões pra me mover e os encantos pra me comover, sempre estarão.

Minhas fugas me voltam pra onde eu saí, pra me convencer que viver é procurar motivos pra não mais fugir.