Quando

A certa altura da vida,

caí numa fenda cósmica, num lapso quântico,

onde encontrei Luisa, a musa desses versos,

a explicação de toda palavra minha,

de toda rima e toda prosa.

Aos poucos, e só aos poucos, minha mente

vem sendo capaz de absorver e processar

cada instante dessa nossa história

impossível, inpensada, inefável, mas inegável.

Antes dela

O tempo, em si, já não tinha pressa,

e caminhava lento como quem tenta se atrasar.

O espaço, em si, já não era largo, nem vago,

e se tinha portas e janelas, já não se abriam.

Era ocupado e cheio, pesado.

Abafava em mim um enorme vazio.

Mas tropecei no limiar do etéreo

E depois dela

o que era tempo se tornou espaço,

pois o que era quando agora é onde.

E o que era espaço se tornou nós dois,

pois toda ideia agora paira nesse plano,

todo sonho existe nessa nova dimensão.

O meu vazio se encheu de amor

e transbordou tanta Luisa

que ela extrapolou o presente e inundou meu futuro.

Quando, então, já não se traduz em tempo,

mas na distância entre seu rosto e meu carinho.

Quando já não é mera especulação,

mas tradução mal feita do futuro que já aconteceu,

mas que ainda não tomamos consciência.

Quando já não é uma ideia possível de ser,

mas vocativo de onde e de como será.

Quando já não é projeção a frente de nós,

mas alusão momentânea do que fomos

num tempo em que não éramos um só desejo,

num onde em que não éramos um só abraço,

num como que já nem sei mais se existia.